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A última viagem que faremos

A última viagem no carro da funerária é como um sussurro final ao vento, um adeus silencioso àquilo que fomos. Os vidros escuros, como véus, escondem o mundo exterior que se desdobra em paisagens familiares e estranhas ao mesmo tempo.

A última viagem que faremos
Imagem - Funerária Santa Terezinha

A última viagem no carro da funerária é como um sussurro final ao vento, um adeus silencioso àquilo que fomos. Os vidros escuros, como véus, escondem o mundo exterior que se desdobra em paisagens familiares e estranhas ao mesmo tempo. Dentro do veículo, o tempo parece suspenso, cada segundo se estendendo em uma eternidade tranquila.

O carro desliza suavemente pelas ruas, como se dançasse ao ritmo de uma melodia que apenas a alma pode ouvir. As árvores acenam suas folhas em despedida, as casas, agora apenas sombras, murmuram histórias que não serão mais contadas. É uma viagem sem pressa, como se o destino fosse apenas mais uma porta para atravessar.

Lá fora, a vida continua a pulsar, indiferente à nossa partida. As pessoas seguem seus caminhos, sem saber que ali passa alguém que deixou suas marcas no mundo. Mas o carro segue firme, como um barco que navega em direção ao horizonte, onde o sol se põe pela última vez, tingindo o céu de cores profundas, quase etéreas.

E então, no final dessa jornada, há um descanso sereno, um encontro com o silêncio absoluto. A última viagem no carro da funerária é uma travessia para o desconhecido, uma passagem para o mistério que nos aguarda do outro lado. E enquanto o carro para, como quem suspira pela última vez, o espírito se eleva, livre, deixando para trás apenas lembranças e saudades, como flores que murcham ao cair da noite.